Desastre no desporto regional

Apesar da excelente época que a equipa de futebol do Marítimo está a efectuar na I Liga – comprovada com mais uma exibição segura e dominadora em Aveiro – a estrutura do desporto regional está a desmoronar-se semana a semana.

O exemplo mais próximo da derrocada desportiva é a suspensão da atividade do Hóquei Porto Santo SAD, promovida pela Federação Portuguesa de Patinagem, pela falta de pagamento de despesas de organização e arbitragem, depois de o clube porto-santense já ter dado faltas de comparência a dois jogos do seu campeonato e ter solicitado o adiamento de outros.

Convém lembrar que a SAD deste clube tem como sócios o Governo Regional da Madeira e a Câmara Municipal do Porto Santo, o que prova o estrondoso falhanço da política desportiva dos governos regionais ao longo do período autonómico. Ninguém me consegue convencer das vantagens de criação de sociedades desportivas com o patrocínio de entidades públicas, ou seja, com verbas provenientes dos impostos. A prática desportiva pode realizar-se em qualquer escalão ou divisão, incluindo a regional ou local.

Invocar a promoção da Região através das vitórias ou participações em campeonatos nacionais será certamente uma desculpa para justificar outros interesses que não os do bem comum, já que ninguém conseguiu até hoje provar vantagens para o setor do turismo ou outro. Por isso parece evidente que a estratégia das entidades públicas regionais se assemelha à desenvolvida pelos países totalitários a que se chamava de democracias populares ou repúblicas socialistas, com a sublimação de determinados valores.

Para além dos erros provenientes da estratégia de exaltação de uma certa visão de poder associada à exaltação regionalista, que se disseminou por quase todas as modalidades, do hóquei em patins ao ténis de mesa, passando, obviamente pelo futebol, andebol e basquetebol, o modelo desportivo do desporto regional, diretamente dependente do Estado, retirou o desporto dos grupos de livre associativismo que geraram, ao longo de muitos anos, os clubes desportivos.

Mais do que uma vida de novos-ricos, os clubes desportivos regionais passaram a viver essencialmente de subsídios e, por isso, se tornaram umbilicalmente dependentes das propostas e orçamentos do poder político. Logicamente, com a crise financeira da Região, caem os clubes desportivos como tordos.

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