Bem-te-quero e malmequeres‏

De vez em quando, sobretudo quando sou convidado a visitar escolas para interagir com a rapaziada mais ou menos infantil, mais ou menos adolescente, perguntam-me o que ando a ler.

E eu, num arrebato de universalidade literária, não tenho como não responder “ando a ler de tudo”.

E se o digo é porque não fujo à verdade, ainda que perceba perfeitamente que o que a malta quer saber é o que anda a acompanhar-me na mesa-de-cabeceira, na cadeira do avião ou nas salas de espera das repartições públicas (um dos melhores locais para pôr a leitura em dia!).

Porque analisando a coisa de forma transversal ando sempre a ler de tudo. Já perdi a mania de ler dois ou três livros ao mesmo tempo, ainda que por vezes alguns deles sejam por demais maçadores (considero-me um missionário no acto da leitura pelo que levo todos os livros até ao fim por mais que tenha que sofrer ao longo de alguns deles) e precise de os intervalar com algo mais literário ou superiormente poético.

Ando a ler Eça como ando a ler Saramago. Ando a ler Daniel Silva como ando a ler Graça Alves, ando a ler Constantino Palma como ando a ler Herberto Helder, ando a ler António Castro como ando a ler Neruda, ando a ler Tom Sharpe como ando a ler as “cartas do meu Magrebe” do Ernesto de Sousa, ando a ler Jorge Amado como ando a ler Gonçalo Cadilhe, ando a ler José Luis Tavares como ando a ler Onésimo de Almeida como ando a ler Mia Couto como ando a ler Dostoievski como ando a ler Camilo Jose Cela como ando a ler o Cristo Cigano da Sophia.

Em qualquer momento, em qualquer lugar, em qualquer descanso, em qualquer intervalo de uma coisa qualquer.

São eles os meus fiéis companheiros. Os meus proporcionadores de vidas que vou envergando.

António Cruz escreve de acordo com a antiga ortografia.

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