VIH: A importância da prevenção e do diagnóstico precoce
No que se refere à situação epidemiológica da infecção por VIH, Portugal tem mantido, nos últimos anos, uma tendência de decréscimo do número de novos casos notificados de infecção, de novos casos de SIDA e de mortalidade associada ao VIH. Não obstante esta tendência, continua a apresentar uma das mais elevadas taxas de prevalência da infecção, comparativamente a outros países europeus.
Actualmente estar infectado com o VIH significa que se tem uma infecção crónica de evolução lenta, que progressivamente destrói as defesas do organismo, e para a qual ainda não existe cura, mas existe tratamento altamente eficaz no controlo do seu avanço. De facto, os progressos conseguidos ao nível do tratamento para o VIH alteraram significativamente o panorama da infecção, deixando esta de ser considerada fatal. Embora não seja ainda possível eliminar completamente o vírus do organismo, os medicamentos anti-retrovirais disponíveis são muito eficazes na supressão viral e, quando associados a um estilo de vida saudável, permitem melhorar o prognóstico e a qualidade de vida das pessoas que vivem com o VIH, especialmente daquelas que iniciaram o tratamento numa fase precoce da infecção.
Para evitar os riscos de exposição ao vírus, é fundamental conhecer as vias de transmissão. O VIH está presente em elevadas concentrações no sangue, nos fluídos sexuais e no leite materno. Deste modo, o vírus pode ser transmitido através de: contactos sexuais desprotegidos com pessoas infectadas (sexo oral, vaginal ou anal); contacto directo de sangue com sangue infectado ou partilha de objectos que contenham sangue infectado (material de injecção, lâminas, escovas de dentes, entre outros); transmissão vertical (mãe infectada-filho), durante a gestação, parto e amamentação. Assim, é possível prevenir a transmissão do VIH através da utilização correcta e consistente do preservativo (masculino ou feminino) e da não partilha de objectos cortantes ou perfurantes que possam conter sangue.
Embora algumas pessoas possam não apresentar sintomatologia nas primeiras semanas após a transmissão do vírus, muitas apresentam um quadro clínico de infecção aguda, cujos sintomas são semelhantes aos da gripe. Estes sintomas podem facilmente passar despercebidos ou ser confundidos com outras patologias. Nesta fase inicial, há uma grande multiplicação do vírus no organismo, pelo que o risco de transmissão é mais elevado. Após esta fase, decorre um período assintomático, que pode durar em média 8 a 10 anos. Nesta fase da infecção, bem como em todas as outras, existe o risco de transmissão do vírus a outras pessoas. Na ausência de tratamento, a infecção evolui naturalmente para uma fase sintomática inicial, em que podem surgir sintomas como cansaço sem razão aparente, perda de peso, falta de apetite e infecções oportunistas. Mais tarde, podem surgir infecções mais graves, como pneumonia e tuberculose, devido à diminuição acentuada das defesas do organismo. Esta constitui a fase mais avançada da infecção e é indicadora de doença (SIDA).
Todas as pessoas que têm dúvidas sobre a possibilidade de estar infectadas, devem realizar o teste específico para o VIH. Esta é a única forma de se saber se uma pessoa está realmente infectada. O diagnóstico da infecção mais comum realiza-se através de análises sanguíneas para detectar a presença de anticorpos do VIH. Contudo, os testes não são fiáveis imediatamente após ter ocorrido a transmissão do vírus. Existe um “período de janela imunológica” que varia consoante o tipo de teste realizado (em regra, entre 8 a 12 semanas). Este corresponde ao intervalo de tempo entre o momento em que a pessoa é infectada e a altura em que é possível detectar a resposta do organismo à infecção (presença de anticorpos específicos contra o VIH). Neste sentido, é aconselhável a realização do teste somente após este período.
Existem diferentes locais onde as pessoas podem realizar o teste do VIH. Podem solicitar ao seu médico de família a prescrição do exame específico, podem, também, dirigir-se directamente, sem prescrição médica, a um laboratório de análises clínicas ou podem efectuar o teste de forma anónima e gratuita, num dos Centros de Aconselhamento e Detecção Precoce do VIH (CAD), existentes em diversos pontos do país. É ainda possível realizar o teste ao VIH noutros contextos, nomeadamente em iniciativas de estruturas comunitárias.
Neste âmbito, a Liga Portuguesa Contra a Sida tem em funcionamento, nos concelhos de Lisboa, Odivelas e Loures, a unidade móvel de rastreios “Saúde + Perto”, que visa facilitar o acesso a aconselhamento, diagnóstico e tratamento do VIH e de outras infecções sexualmente transmissíveis, especialmente das populações com maior risco de exposição a este tipo de infecções. Os rastreios são realizados de forma gratuita e confidencial, sendo disponibilizado aconselhamento pré e pós-teste. Com base nos resultados obtidos, a boa adesão da população e a estreita colaboração com os parceiros sociais, considera-se uma mais-valia este tipo de iniciativa em contexto de proximidade.
Entre os dias 4 e 6 de novembro, as estações ferroviárias do Oriente (Lisboa) e Campanhã (Porto) recebem a Check-Up, Dia Nacional do Rastreio. Esta iniciativa, à qual a Liga Portuguesa Contra a Sida se associa, vai contar com a participação de várias sociedades médicas e associações de doentes de todo o país e permitir, num único local, a realização de rastreios a várias especialidades médicas.
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