Madeira: casos sinalizados como escarlatina são “doenças virais”
Foram sinalizadas, nas últimas semanas, situações referenciadas como escarlatina. Várias crianças foram diagnosticadas com esta doença viral mas a situação não é de alarmismos, garantiu ao «Tribuna», nesta quinta-feira, o pediatra Manuel Pedro.
“Têm efetivamente surgido várias situações diagnosticadas como escarlatina, mas não tantas como se ouvem falar, nem em número que mereça qualquer preocupação em termos de saúde pública”, afirmou o médico. Adiantando, “com efeito, a maioria das situações referenciadas ou tidas como escarlatina são doenças virais, muitas vezes sem febre ou mesmo sem amigdalite”.
Manuel Pedro realçou que o tratamento é habitualmente feito com penicilina ou com amoxicilina, tal como se tratam as amigdalites bacterianas.
Sobre a doença em concreto, e de modo a passar a informação aos pais, o pediatra Manuel Pedro explicou que ainda que habitualmente definida como uma doença infecciosa de natureza bacteriana causada pelo Estreptococo beta hemolítico do grupo A, a Escarlatina é na prática uma reacção do organismo a toxinas produzidas por algumas destas bactérias geralmente durante um episódio de amigdalite ou mais raramente, devido a um quadro de infecção da pele nomeadamente de impetigo ou erisipela.
A bactéria transmite-se habitualmente de uma pessoa para outra através do contacto com secrecções das vias respiratórias, nomeadamente através da tosse, o espirro e o contato com a saliva.
O período de contágio pode ter lugar 12 horas após a infecção e se prolongar até 12 horas sem febre ou 24 horas após o início do tratamento, e como nem todas as pessoas têm a mesma sensibilidade a esta toxina existem crianças que nunca chegam a desenvolver escarlatina.
O início do quadro costuma ser abrupto, com inflamação na garganta, dores pelo corpo e febre elevada. 12 a 24 horas após o início do quadro, surge o sinal característico da doença, que é o rash cutâneo, que normalmente se inicia na cabeça ou pescoço e desce pelo corpo ao longo das horas seguintes, concentrando-se nas zonas de pregas, nomeadamente nas axilas, virilhas e na prega do cotovelo formando uma linha vermelha conhecida por sinal de Patia.
Devido a um discreto relevo do rash a pele pode apresentar-se áspera. As palmas das mãos e as plantas dos pés costumam ser poupados. Ocasionalmente ente podem dar coceira.
Para além do rash, são característicos da escarlatina o aspecto da língua em framboesa (a língua fica inchada e as suas papilas muito avermelhadas) e a palidez cutânea no triângulo constituído pelo nariz e boca.
Após uma semana de rash cutâneo, as manchas avermelhadas começam a desaparecer, ocorrendo uma descamação, principalmente nos dedos das mãos, dos pés, virilhas e axilas.
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