Indicador demonstra evolução positiva na sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde

Na 6ª Conferência AbbVie|TSF|DN “Investimento na saúde e impacto na vida laboral”, que decorreu hoje no Centro Cultural de Belém, o destaque foi para a apresentação e discussão dos resultados referentes a 2016 do estudo desenvolvido pela NOVA Information Management School (NOVA IMS) da Universidade Nova de Lisboa, no âmbito do projeto europeu Saúde Sustentável. O estudo deu a conhecer os dados do indicador de saúde sustentável apresentado no ano passado. Paralelamente foram analisadas as tendências evolutivas dos indicadores de atividade, despesa e qualidade (percepcionada e técnica), incluídos novos vetores no capítulo da qualidade de vida e um novo indicador que mede o contributo do SNS para a melhoria do estado de saúde da população.

O principal destaque, que suscitou maior interesse e curiosidade, foram os primeiros dados resultantes do indicador de sustentabilidade da saúde que resultam do cruzamento entre as dimensões da qualidade (qualidade percepcionada pelos cidadãos e qualidade técnica efetiva do SNS), da atividade e da despesa. Os dados apresentados na 6ª Conferência AbbVie|TSF|DN confirmam o aumento positivo do indicador de sustentabilidade face ao ano anterior (100,2 em 2015 e 102,2 em 2016), o que significa que “há uma evolução do SNS no sentido da sustentabilidade dado que a qualidade e a atividade estão a crescer a uma taxa superior à despesa; por isso, o índice de sustentabilidade apresenta uma evolução positiva”, refere Pedro Simões Coelho, diretor da Nova IMS e principal coordenador do Projeto Indicador de Saúde Sustentável.

“O índice de Saúde Sustentável relaciona a atividade, a qualidade e a despesa e permite monitorizar a relação entre estas três dimensões. Através do estudo e da análise das dimensões pudemos confirmar que o SNS conseguiu melhorar a sua qualidade e a aumentar a sua atividade ao mesmo tempo que controlava os custos”, explica o investigador. E acrescenta: “O Índice foi criado com o intuito de ser uma ferramenta capaz de fazer uma monitorização dos diferentes tipos de investimento em saúde e de identificar os seus resultados, quer do ponto de vista económico, quer do estado de saúde dos cidadãos. Para mais permite-nos confirmar se estamos no bom caminho para alcançar a sustentabilidade do sistema e caso contrário funcionar como indicador de alerta”, conclui Pedro Simões Coelho.

Outra das conclusões do estudo demonstra que 54% dos portugueses considera que o seu estado de saúde afeta negativamente a sua qualidade de vida – tema que esteve em discussão no segundo painel, “A inclusão dos doentes crónicos no mercado de trabalho”, onde se falou na necessidade de maior conhecimento das doenças crónicas, de um diagnóstico e tratamento mais precoces e da adaptação dos locais de trabalho e das funções às necessidades destes doentes. Apesar deste resultado, através da análise das respostas das pessoas inquiridas, os investigadores chegaram à conclusão que o índice de estado de saúde por contributo do SNS é de 73,1 pontos – numa escala de 0 a 100 em que 100 corresponde ao estado de saúde ideal –, e estimam que, caso não existisse SNS, este índice estaria nos 58,1 pontos, ou seja, 15 pontos abaixo.

Também se verifica que comparativamente a 2015 houve um aumento de 3,1% no número de pessoas que faltaram ao trabalho por motivos de saúde pessoal ou familiar. No entanto, e por via dos cuidados de saúde que disponibiliza, o SNS contribuiu para diminuir em mais de 1 dia e meio o número de faltas ao trabalho, o que representa uma poupança de 534 milhões de euros (em salários). O número médio de ausência laboral apurado são 5 dias (2,2% do tempo trabalhado), o que representa um prejuízo de 1,7 mil milhões de euros (em salários). Estes resultados revelam, porém, uma melhoria face a 2015 período onde se registaram mais de 5 dias de falta ao trabalho com um prejuízo de 2 mil milhões de euros em salários. Caso não tivessem sido prestados cuidados de saúde por via do SNS o número médio de absentismo laboral ascenderia aos 6,6 dias, o que representaria um prejuízo de 2,2 mil milhões de euros em salários.

Uma surpresa do estudo conclui que, ao contrário do que aconteceu em 2015, os cidadãos estão mais satisfeitos com o preço, especialmente no capítulo das taxas moderadoras cujos valores consideram adequados (aumento de 4,9 pontos face a 2015 e de 12 pontos face a 2014). Apesar desta conclusão registaram-se menos 765.363 episódios de urgência por falta de recursos financeiros.

Estiveram presentes na 6.ª Conferência AbbVie|TSF|DN o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia, Miguel Cabrita, secretário de Estado do Emprego, Maria de Belém, ex-ministra da Saúde, Isabel Galriça Neto, deputada do CDS-PP, António Saraiva, presidente da CIP (Confederação Empresarial de Portugal), Pedro Simões Coelho, diretor da Universidade Nova IMS, Augusto Faustino, reumatologista, e Sofia Crisóstomo, da plataforma Mais Participação, Melhor Saúde.


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