Estudo revela: gasóleo é pior para o clima do que a gasolina
Dois anos após o escândalo das emissões, conhecido como Dieselgate, ter exposto a realidade pouco limpa dos carros a gasóleo, um novo estudo da associação Transport & Environment (T&E), da qual a Quercus é membro efetivo, demonstra que os carros a gasóleo, para além de contribuírem para a poluição atmosférica, emitem mais gases com efeito de estufa do que os carros a gasolina.
A análise do ciclo de vida das emissões de um veículo prova que os carros a gasóleo emitem mais 3,65 toneladas de CO2, do que um equivalente a gasolina. Este impacte climático superior deve-se a vários fatores, nomeadamente o facto do processo de refinação do gasóleo consumir mais energia; os veículos implicarem mais materiais para a produção de motores mais pesados e complexos; de emitirem mais pela mistura dos biocombustível com o gasóleo; e percorrerem maiores distâncias graças ao preço mais reduzido do gasóleo – ver infografia abaixo.
Esta análise vem desarmar os argumentos dos fabricantes de automóveis de que são necessários carros a gasóleo para se atingir os objetivos climáticos. A leitura da brochuras e sites dos fabricantes de automóveis demonstra que a diferença entre os motores equivalentes a gasolina e a gasóleo é mínima, variando apenas entre zero e algumas gramas de CO2. Porém, os veículos a gasóleo são tipicamente mais caros 2.000-4.000€ do que os a gasolina. As alternativas disponíveis no mercado, como os veículos híbridos a gasolina, têm preços semelhantes aos veículos a gasóleo mas emitem cerca de 20-25% menos CO2.
Na Europa, o mercado automóvel encontra-se distorcido a favor dos veículos a gasóleo através de regulamentos enviesados e impostos injustos. Embora o diesel represente 50% da quota de mercado na Europa, no resto do mundo é apenas um nicho de mercado. Na Europa, 7 em cada 10 veículos ligeiros de passageiros e comerciais vendidos são a gasóleo, enquanto que nos EUA representam menos de 1% das vendas e na China, o maior mercado de veículos do mundo, menos de 2%.
Este estudo agora divulgado identificou três causas para a dependência Europeia em relação ao gasóleo: Impostos nacionais sobre veículos e combustíveis distorcidos; Normas europeias de emissão “Euro” injustas: permitiram, durante décadas, que os veículos a gasóleo emitissem mais NOx do que os a gasolina. Esta questão foi agravada pelo uso de testes obsoletos (recentemente atualizados) e pela fiscalização ineficaz dos regulamentos que permitiu aos fabricantes de automóveis instalarem controlos aos gases de escape ineficientes e baratos, que eram manipulados ou desligados, na maioria dos casos; Regulamentos de emissões de CO2 enviesados: que estabeleceram limites pouco ambiciosos aos fabricantes de automóveis e lhe permitiram construir carros a gasóleo maiores e mais pesados.
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