Fenómeno da alienação parental combate-se primeiro com uma cultura de coparentalidade

A Associação Portuguesa para a Igualdade Parental e Direitos dos Filhos (APIPDF) assinala pelo 4º ano consecutivo o Dia Nacional de Alerta para a Alienação Parental.
Este ano a APIPDF centra a sua preocupação em relação à existência de discursos que visam negar a realidade social, clínica e jurídica da alienação parental.
A negação do sofrimento de milhares de crianças todos os anos, vítimas indefesas dos conflitos parentais e da manipulação a que muita das vezes estão sujeitas para rejeitar um dos progenitores, é em si mesmo, uma negação dos direitos humanos mais básicos de um ser humano.
A APIPDF assume como elemento central para combater a alienação parental em Portugal a instituição da presunção jurídica da residência alternada. Assim, neste dia é dado o pontapé de saída para um ano que queremos o ano da promoção da Coparentalidade e dos Direitos das Crianças. É neste sentido será editado um livro sobre a residência alternada em que a APIPDF é parceira, com a coordenação cientifica da investigadora Sofia Marinho e Sónia Vladimira Correia (ambas do ICS – IUL), que se pretende que constitua um verdadeiro e rigoroso estado da arte da temática e se assuma como instrumento para apresentar no Parlamento uma sugestão de proposta de alteração legislativa. Com o objetivo de envolver toda a sociedade civil na discussão destas matérias, a par da sugestão ao Parlamento, será lançada uma petição com o objetivo de obter mais de 4.000 assinaturas para que o tema possa efetivamente ser discutido em Plenário e que os partidos políticos tomem uma posição clara sobre o tema.
Será também, em breve, publicada uma coletânea de textos traduzidos do Dr. Craig Childress, um psicólogo dos EUA que nos propõe um outro paradigma de intervenção para a Alienação Parental, assente em construtos cientificamente aceites pela comunidade. Pretendemos assim contribuir para uma discussão séria da problemática, para que dela surjam soluções ou caminhos.
No entender da APIPDF o fenómeno da alienação parental combate-se primeiro com uma cultura de coparentalidade e depois com um sistema que ajude os progenitores a encontrar soluções, de forma célere e eficaz, aos problemas que se lhes levantam aquando da separação/divórcio. Esse sistema passa pela verdadeira mudança de paradigma da atuação dos juízos de família e menores, por mais e melhor formação junto dos profissionais que lidam com as matérias de infância e juventude e uma efetiva coordenação da atuação dos diferentes operadores de justiça. A total ausência de políticas públicas de ajudar a diminuir os conflitos parentais e as situações de alienação parental são exemplos do caminho ainda a percorrer e da exigência que se faz ao Governo para que tenha coragem pela primeira vez na história da democracia portuguesa de assumir as suas responsabilidades.

“Por fim, é-nos caro relembrar que, no dia 5 de fevereiro deste ano, se assinalam os 6 anos do assassinato do nosso associado Cláudio Mendes, na Mamarrosa em Aveiro, num parque onde aquele pai teria ordem do tribunal para visitar a sua filha. Voluntário e associado da Associação Portuguesa para a Igualdade Parental e Direitos dos filhos, Cláudio deixou forçadamente órfã de pai a sua filha. Foi assassinado por querer ser pai, pelo amor à sua filha, pela luta desigual”.


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