Apresentação Pública da Associação do Caminho Real da Madeira

A Associação do Caminho Real da Madeira foi apresentada ao público, no passado dia 10, no adro da Capela das Neves, local onde passa a antiga Estrada Real 23, que ligava o concelho do Funchal ao concelho de Santa Cruz.

As estradas ou caminhos reais foram construídas pela coroa portuguesa a partir da segunda metade do Séc. XIX, como forma de melhorar a rede viária madeirense no transporte de pessoas e mercadorias, então muito dependente da cabotagem.

O primeiro troço foi construído em 1867 entre a Alfândega e a Pontinha, numa obra da Estrada Real 23 que dava a volta à ilha da Madeira pelo litoral. Foram seis as estradas reais então construídas, passando pelas seguintes localidades:

Estrada Real 23 (181 km): Funchal, Câmara de Lobos, Quinta Grande, Campanário, Ribeira Brava, Tábua, Ponta do Sol, Madalena do Mar, Arco da Calheta, Calheta, Estreito, Prazeres, Fajã da Ovelha, Ponta do Pargo, Achadas, Porto Moniz, Ribeira da Janela, Seixal, São Vicente, Ponta Delgada, Boa Ventura, Arco São Jorge, Santana, Faial, São Roque do Faial, Porto da Cruz, Machico, Santa Cruz, Porto Novo, Caniço, São Gonçalo, Funchal; Estrada Real 24 (35 km): Funchal, Monte, Poiso, Ribeiro Frio, Cruzinha e Santana; Estrada Real 25 (39 km): Funchal, São Martinho, Estreito de Câmara de Lobos, Jardim da Serra, Encumeada, Rosário e São Vicente;

Estrada Real 26 (13 km): Ribeira Brava, Serra de Água, Encumeada, São Vicente;

Estrada Real 27 (36 km): Funchal, Santo António, Curral das Freiras, Boaventura;

Estrada Real 28 (25 km): Ponta do Sol, Cruzinhas, Encumeada, beira do Paul da Serra, Ruínas das Casas do Paul, Estanquinhos, Caramujo, Feiteiras (São Vicente).

A esta apresentação oficial compareceram cerca de meia centena de convidados, entre os quais representantes do governo regional, das autarquias e de outras associações de cariz cultural e desportivo, bem como muitos entusiastas do Caminho.

Miguel Silva Gouveia, presidente da Direcção, considera a Associação “um parceiro estratégico para o desenvolvimento de uma oferta complementar aos roteiros pedestres tradicionais, aliando à beleza natural da ilha, o contexto histórico e cultural da nossa vivência enquanto madeirenses”. Adianta ainda que os Caminhos Reais são “um valioso activo turístico da nossa Região, cuja extensa rede viária pedonal promove um universo de oportunidades para as microeconomias locais e um importante instrumento de combate à desertificação de algumas localidades, sobretudo as do norte da ilha.”

Por seu turno António Gouveia, Vice-Presidente da ACRM, descreveu a experiência única que o trilhar destes caminhos proporciona a cada caminheiro, por entre “fontanários, pontes, moinhos de água, capelas, beleza natural e, acima de tudo, a hospitalidade dos madeirenses”.

Do plano de actividades apresentado pela ACRM para 2017 destacam-se (i) a criação de um sítio na internet (www.caminhoreal.pt) onde seja possível agregar e disponibilizar a todos os interessados informações referentes aos Caminhos Reais, (ii) a criação do Passaporte do Caminho Real, (iii) a organização de uma conferência subordinada ao tema, (iv) o estabelecimento de uma rede de parceiros em torno da ilha e (v) a preparação da candidatura do Caminho Real 23 a Itinerário Cultural Europeu.

A terminar, todos os presentes brindaram com vinho Madeira ao sucesso da Associação e do Caminho Real, tendo existido ainda a oportunidade para visitar uma antiga “venda” (mercearia) no sítio das Neves, datada de 1901 e aberta especialmente para a ocasião.

  


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