Carta de um padeiro português a Nicolas Maduro

Os dias continuam a ser muito difíceis para os venezuelanos e inclusive os emigrantes naquele país que construíram uma vida de trabalho e família. O desespero começa a levar as pessoas a falar, a denunciar, a mostrar já não haver medo em apontar o que acham estar errado. Segue-se a publicação de uma carta de um padeiro português dirigida a Nicolas Maduro, divulgada pelo chimeven notícias, onde esclarece um pouco a situação que enfrentam atualmente na Venezuela, com a escassez de quase tudo.

«Meu nome é Avelino, e eu sou um cidadão nascido em Portugal, com nacionalidade venezuelana e que trabalho muito há mais de 45 anos neste país. Vim por causa da guerra, que se parecia muito com a que estamos a viver hoje em dia, neste país que me recebeu de braços abertos. Venezuela era um país que começava a levantar-se dos efeitos de uma ditadura terrível. Sou desses que vocês costumam gozar do meu sotaque estrangeiro, mas aqui demonstro que escrevo em espanhol muito melhor que alguns venezuelanos que conheci.

Se quer falar de racismo, fale comigo, porque sei muito bem o que se sente de ser afastado da sociedade, e burlado muitas vezes só por ser emigrante.

Não me lavo quatro vezes ao dia como vocês fazem, os que não trabalham e têm tempo livre, mas tomo banho todos os dias como uma pessoa normal, mas devido ao meu trabalho intenso que faço no meio dos fornos a 200 graus, o suor aparece e isso incomoda a muitas das pessoas que nos criticam e que na sua vida nunca levantaram uma caixa do chão.

No meu país de origem também há muitos negros mas não os descriminamos chamando-os afrodescendentes, como você faz a cada minuto com os meus amigos venezuelanos.

São negros pela cor da sua pele e os tratamos como irmãos, assim como eu sou branco e e, no entanto, pela falta de sol devido a que começo a trabalhar antes do amanhecer e saio do meu trabalho muito depois do anoitecer, diferente de você que afirma que dorme como um bebé.

Tenho a minha própria padaria, na verdade tenho várias, e ganhei-as trabalhando 45 anos sem descansar um só domingo, sem desfrutar de um dia de praia nem de um passeio com a família. Para isso, apenas dedico umas horas de cada dia, porque se deixo de trabalhar seu que vai haver pessoas que vão passar fome, e não se trata dos meus familiares mas sim dos meus empregados que são mais de 70 no total. Eu já não preciso ganhar dinheiro porque a minha idade não me permite, mas as 70 famílias dos meus empregados sobrevivem com o pouco que lhes posso pagar. Agora você quer matá-los de fome ao deixá-los desempregados. Os seus funcionários armados e de uniformes ainda não vieram às minhas padarias revistar se há farinha armazenada para trabalhar, e espero que não o façam, porque se estou presente poderia ocorrer algo muito mau, se alguém quer tomar meus negócios deve procurar um tribunal e seguir os passos legais para fazê-lo, e não tolerei que ninguém use a força, como fizeram com as dos meus colegas, alguns compatriotas, e outros que são mais venezuelanos que você, que também têm padarias. Se o fizerem sem recorrer aos meios legais poderei alegar defesa própria perante os tribunais, porque defenderei meus negócios e os meus trabalhadores com a minha vida se for necessário.

Na minha padaria vendeu-se bom pão há 45 anos, quando entrei como empregado mas em poucos anos comprei parte do negócio com meu salário a um dos sócios. Se o produto é caro, não é por mim nem por minha vontade de tornar-me rico, é apenas porque você não autoriza o cambio de dólares às distribuidoras de farinha, para que possam importar quantidade suficiente para todos, e por isso o produto aumenta de preço, ao haver escassez. Esta pode ser uma explicação muito complicada para você que deve conhecer mais acerca de pneus para autocarros e caixas sincrónicas. Cada pastor conhece as suas ovelhas.

Notei que você, igual que o seu falecido chefe, não enfrenta os problemas cara a cara, e por isso se esconde por trás de programas de TV e de rádio, em que só falam vocês como se fosse periquitos, e não deixam que os outros se expressem a menos que seja para estar de acordo com as suas políticas. Isso não pode esconder. Deste lado também não nos podemos enfrentar cara a cara com ninguém, já que iríamos presos ou seríamos golpeados pelos seus funcionários intolerantes, que gozam do nosso idioma e dos nossos costumes, em vantagem por estar armados e acompanhados por militares que têm ordens para nos agredir. Assim se nota mais os covardes que são.

Recordo-lhe também que não nos pode continuar tratando como estrangeiros já que somos muito mais venezuelanos que você, que é colombiano de nascimento e também tem dupla nacionalidade como eu, só que para ser padeiro isso não é um requisito, pelo contrário para ser presidente você devia ter sido venezuelano sem outra nacionalidade.

Não venho pedir-lhe nada, já que você é um funcionário público, ou seja, um nosso empregado e de todo o povo, e por isso você é que deve obedecer ao povo. As forças armadas que o defendem estão cometendo graves delitos.

Recordem sempre que esse tempo de delitos não acabam nunca, e serão julgados agora ou mais tarde. Os militares que voltem à ordem constitucional e ponham as suas armas a favor do povo, ainda estão a tempo de serem perdoados.

Espero que este “portu” como vocês nos chamam supostamente com carinho (mas sabemos que o fazem com maldade), não receba no seu negócio a nenhum dos seus homens de visita. Se você quer que o povo não faça filas para comprar pão, então abra a sua própria padaria e trabalhe com as unhas e sem farinha como nós todos temos de fazer por causa da sua revolução fracassada.

Obrigada pela sua atenção.
Avelino D.S.

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Buenas.
Mi nombre es Avelino, y soy un cidadano nacido en Portugal, con nacionalidad venezolana y que trabajo muy duro hace mais de 45 años en este país. Llegué a causa de la guerra, que se parecía mucho a lo que estamos a vivir hoy en día en este país que me recibió de brazos abiertos. En ese entonces Venezuela era un país que comenzaba a levantarse de los efectos de una dictadura terribel.
Soy de esos de los que ustedes acostumbran burlarse por mi acento extranjero, pero aquí le demuestro que escribo en español mucho mejor que algunos de los venezolanos que he conocido. Si quiere hablar de racismo, hable conmigo, porque se muy bien o que se siente de ser apartado de la sociedad y burlado mil vezes solo por ser emigrante. Nao me baño 4 veces al día como lo hacen ustedes, los que no trabajam y tienen tiempo libre,  pero si me aseo todos los días como una persona normal, pero debido a mi trabajo tan intenso que hago en medio de los hornos a 200 grados, el sudor aparece y eso le molesta a muchos de los flojos que nos critican y que en su vida han levantado una caja del piso. En mi país de origen también hay muchos negros pero no los discriminamos llamándolos afrodescendientes, como usted lo hace a cada rato con mis amigos venezolanos. Son negros por el color de su piel y los tratamos como hermanos así como yo soy blanco y más todavía por la falta de sol, debido a que comienzo a trabajar antes del amanecer y salgo de mi trabajo mucho después del anochecer, a diferenca de usted que afirma dormire como un  bebé.
Tengo mi propia panadería, de hecho tengo varias, y me las he ganado trabajando 45 años sin descansar un solo domingo, sin disfrutar de un día de playa ni un paseio con la familia. Para eso apenas dedico un par de horas cada día,  porque sin dejo de trabajar se que hay personas que van a pasar hambre, y no se trata de mis familiares, pero si de mis empleados, que son máis de 70 en total. Yo ya no necesito ganar ese dinero, porque mi edad solo me pide irme a la tumba,  pero las 70 familias de mis empleados sobreviven con lo poco que les puedo pagar. Ahora usted quiere matarlos de hambre al dejarlos desempleados.
Sus funcionarios armados y uniformados aún no han venido a mis panaderías a revisar si hay gusanos en los potes de basura y harina almacenada para trabajar, y espero que no lo hagan, porque si estoy presente podría ocurrir algo muy malo, y es que si alguien quiere tomar mis negocios debe acudir a un tribunal y seguir los passos legales para hacerlo,  y no toleraré que nadie se meta a la fuerza, como lo han hecho en las de mis colegas, algunos compatriotas, y otros mucho que son más venezolanos que usted, que también tienen panaderías. Si lo hacen sin recurrir a los medios legales, podré alegar defenssa propia ante los tribunales, porque defenderé mis negocios y a mis trabajadores con mi vida si es necessario.
En mi panadería se ha vendido buen pan desde hace 45 años, cuando entrei como empleado pero en pocos años compre partes del negocio con mi sueldo a uno de los socios. Si el producto es caro, no es por mi ni por mis ganas de hacerme rico, es apenas porque usted no le otorga el cambio de dólares a las distribuidoras de harina, para que puedam importar suficiente cantidad para todos, y por eso el producto aumenta de precio, al haber escasez. Esta puede ser una explicación muy complicada para usted, que debe conocer más acerca de cauchos para autobuses y cajas sincrónicas. Cada pastor sabe de sus ovejas.
He notado que usted, al igual que su fallecido jefe, no se enfrenta a los problemas cara a cara, y por eso se esconde detrás de programas de TV y de radio en los que hablan ustedes solos como si fueran pericos, pero que no dejan que otros se expresen a menos que sea para estar de acuerdo en sus políticas. Eso no lo puede esconder. De este lado también no podemos enfrentarnos cara a cara con nadie, ya que iríamos presos o seríamos golpeados por sus funcionarios intolerantes, que se burlan de nuestro idioma y de nuestras costumbres, en ventaja por estar armados y acompañados por militares que tienen órdenes de agredirnos. Así se nota más lo cobardes que son.
Le recuerdo también que no nos puede seguir tratando como extranjeros ya que somos mucho más venezolanos que usted, que es colombiano de nacimiento y también tiene doble nacionalidad como yo, solo que para ser panadero eso no es un requisito, por el contrario para ser presidente usted debió haber sido venezolano sin otra nacionalidad.
No le vengo a pedir nada, ya que usted es un funcionario público, osea, un empleado de nosotros y de todo el pueblo, y por eso es usted el que debe obedecer al pueblo. Las fuerzas armadas que lo defienden están cometiendo graves delitos, ya que se deben al pueblo como lo dice la constitución, y no se deben a ninguna revolución moribunda ni a ningún partido político. Recuerden siempre que ese tiempo de delitos no se vencen nunca, y serán juzgados ahora o más tarde. Los militares que vuelvan al hilo constitucional y pongan sus armas en favor del pueblo, aún están a tiempo de ser perdonados.
Espero que este “portu” como ustedes nos llaman supuestamente con cariño (pero sabemos que lo hacen con maldad), no reciba en su negocio a ninguno de sus esbirros de visita. Si usted quiere que el pueblo no haga colas para comprar pan, entonces abra su propia panadería, y trabaje con las uñas y sin harina como nosotros tenemos que hacerlo por causa de su revolución fracasada.
Gracias por su atención.

Avelino D.S.


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