Vindimas envolvem toda a população do Estreito
A festa realiza-se nos dias 9, 10 e 11 de setembro e integra a realização das vindimas ao vivo.
Na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, a vindima envolve grande parte da população e o rendimento que dela advém é muito importante para a economia familiar. Gabriel Pereira, presidente da Junta de Freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, observa que 51% das uvas produzidas na freguesia vão diretamente para a produção do Vinho Madeira. Este ano a produção foi mais fraca.
Tânia Cova
tcova@tribunadamadeira.pt
A Festa do Vinho da Madeira, que acontece a partir do dia 30 de agosto, é apresentada pela Secretaria Regional da Economia, Turismo e Cultura como “um dos cartazes turísticos do destino Madeira que presta tributo ao precioso néctar e à sua incontestável importância socio-económica”.
Mas, para além desta componente festiva e de recriação histórica, aos produtores vinícolas da Madeira interessa garantir o escoamento das uvas. Na freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, a atividade envolve grande parte da população e o rendimento que dela advém é muito importante para a economia familiar.
Gabriel Pereira, presidente da Junta de Freguesia do Estreito de Câmara de Lobos, explica que 51% das uvas produzidas na localidade vão para a produção do Vinho Madeira. Aliás, pelo facto de ser o principal centro produtor de vinho da Madeira e repositório de um património vitícola inestimável, qualidades que potenciam o território como centro do enoturismo na Madeira, levou a autarquia de Câmara de Lobos a efectuar, no ano de 2014, o registo da marca “Estreito de Câmara de Lobos, Terra de Vinho”.
“Este ano a produção é inferior aos outros anos, mas o tempo está indo bom. O tempo quente acelerou o amadurecimento e, a partir de 5 de setembro, vamos iniciar a apanha, até de acordo com a informação que tenho das empresas que costumam compram as uvas”, diz o autarca, lembrando que, normalmente, o Governo Regional, através da Secretaria Regional da Agricultura e Pescas, assegura o escoamento das uvas. “E isto é muito importante, sobretudo para sossegar os agricultores cujas uvas não atingam o grau pretendido. Mas tenho a certeza que as uvas não vão ficar nas latadas”.
Já sobre a Festa das Vindimas do Estreito, o presidente da Junta não releva a quanto ascende o investimento, mas garante que tudo é feito consoante as possibilidades. “A Junta do Estreito de Câmara de Lobos tem outras prioridades, como é o caso da área social ou da educação, por isso o investimento na Festa das Vindimas é o suficiente para honrar a tradição e dar destaque a uma das principais atividades económicas da freguesia.”
No dia 10, tem lugar um dos pontos altos do evento, o cortejo etnográfico
O evento, integrado na programação regional da Festa do Vinho, realiza-se nos dias 9, 10 e 11 de setembro e integra a realização das vindimas ao vivo, seguida de cortejo etnográfico com a participação de um vasto número de grupos folclóricos, e a pisa das uvas, de participação livre, num lagar tradicional. Do cartaz consta um programa recheado de espetáculos e muita animação musical, provas e concursos de vinho, num ambiente de festa onde não falta a gastronomia regional.
No dia 10, tem lugar um dos pontos altos do evento, o cortejo etnográfico no qual participam: Borracheiros do Porto da Cruz; Associação Cultural Flores de Maio Borracheiros do Estreito de Câmara de Lobos; Bordadeiras do Estreito de Câmara de Lobos; Grupo Folclórico de Santa Rit; Grupo Folclórico e Etnográfico da Boa Nova; Grupo Folclórico da Quinta Grande; Grupo Folclórico Romarias Antigas do Rochão; Grupo Folclórico da Casa do Povo do Curral das Freiras; Associação de Animação Geringonça; Grupo de Escuteiros de Santa Cecília; Grupo de Expressão Musical e Dramática Sempre Jovem; Associação Caneca Furada; Associação Cultural Império da Ilha; Casa do Povo do Estreito de Câmara de Lobos; e Grupo do Restaurante “As Vides”.
Referir que a primeira edição do festival teve lugar em setembro de 1963, organizado pela então Delegação de Turismo da Madeira. Hoje em dia é uma iniciativa que acolhe centenas de turistas e residentes, sendo considerado o certame cultural e promocional mais importante da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos.
Governo prevê quebra de 10% na produção
A Secretaria Regional da Agricultura e Pescas referiu recentemente que a produção de uvas não foi muito afetada pelos incêndios, que atingiram vários concelhos da ilha, mas deu conta de uma quebra de produção na ordem dos 10% resultante apenas das condições meteorológicas. Uma realidade confirmada pelos agricultores no terreno.
Na nota enviada pelo gabinete do secretário regional Humberto Vasconcelos, os agricultores que tenham sido afetados pelos incêndios são aconselhados a contactar a Secretaria Regional de Agricultura e Pescas ou as Juntas de Freguesia, a fim de tratar dos apoios para recuperar a área ardida.
Em 2015, foram produzidas 4.680 toneladas de uvas na região e a comercialização do Vinho Madeira situou-se nos mais de 3,3 milhões de litros, representando os países da União Europeia uma quota de mercado de 80,9 %. Estes são o principal destino deste vinho, com especial destaque para a França, Reino Unido, Alemanha e Bélgica, além de Portugal continental.
Já em termos nacionais, e segundo o Instituto Nacional de Estatística, as previsões apontam para uma diminuição de 20% na produtividade das vinhas para vinho para a grande maioria das regiões vitivinícolas, consequência de acidentes fisiológicos causados pela precipitação na fase de floração/alimpa e de ataques intensos de míldio.
A campanha vitivinícola está, na maioria das regiões, atrasada até duas semanas em relação ao normal. Este cenário, presente em todas as regiões, exceto Algarve, deverá conduzir a uma diminuição da produtividade (-20% face à campanha anterior). Na uva de mesa prevê-se uma produtividade de 9,2 t/ha, próxima da alcançada em 2015.
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