A (in)utilidade da Assembleia

Tomam posse hoje os deputados eleitos nas eleições regionais de Outubro, com novidades evidentes principalmente na Oposição, já que no partido do Poder a maior curiosidade radica no comportamento do chefe jota, cujos antecedentes, a acreditar nalguma comunicação social, não auguram nada de aceitável. O rapaz olhou para o exemplo máximo do seu partido e, pensando que os delfins estão a envelhecer pelo desgaste, apostou na cópia, esquecendo-se que as coisas não são assim tão simples. É preciso ganhar estatuto, para que os outros aceitem os desvios como fórmula própria de sucesso. Não é excêntrico quem quer, mas quem pode.

Na Oposição, o CDS, pelo crescimento acentuado do seu grupo parlamentar, apresenta muitas caras novas para um trabalho difícil, que é sobreviver a meio da ponte, com ventos cruzados, isto é, tem de convencer os eleitores que nada tem a ver com o governo da República, apesar da grande aproximação entre José Manuel Rodrigues e Paulo Portas.

Apesar de todas as críticas sobre a qualidade da lista, que, como de costume, partiram geralmente do interior, o grupo parlamentar do PS não apresenta grandes novidades, a não ser o deputado machiquense, vindo directamente do poder local, como o anterior, e a candidata proposta pela JS, a qual só poderá ser melhor que o jota laranja, ou será difícil?

O PTP, mais conhecido popularmente como o Partido do Coelho, é uma grande incógnita. Apesar da frescura que a menina Coelho aparenta levar ao parlamento, com um discurso a se demarcar da demagogia, o grupo é heterodoxo e necessita de José Manuel para brilhar e ganhar notoriedade, porque José Luís Rocha é um homem da esquerda tradicional: pouco exuberante, rigoroso e empenhado na luta de classes.

Que dizer da CDU? Nem uma vírgula mudará. É a CDU.

O PND só pode mudar, com a seriedade demonstrada pelo eleito e substituta: vai tornar-se num partido cinzento e tradicional, a léguas do escárnio?

O PAN é a maior novidade, não se aguardando porém muito da mistura entre franciscanismo, budismo e vegetarianismo.

Finalmente, o MPT surge como o partido com o fato mais adequado a esta legislatura, pela escassa utilidade da sua ação. Obviamente irá reivindicar mais Autonomia, num período em que o poder real se afastará da Região.

A política regional tem perdido importância nos últimos anos, sobrevivendo de uma agressividade excessiva e de uma espetacularidade artificiosa (plasmadas na moeda onde Jardim é a cara e Coelho a outra face). As pessoas sabem que, estando a Região sem meios financeiros, cada vez mais a vida dos Madeirenses é decidida em Lisboa e em Berlim.

Que restará a esta Assembleia, para que valha a pena? Que os deputados dignifiquem a Política e respeitem os eleitores; que o Regimento permita aos deputados da Oposição intervir com tempo adequado; que a Assembleia possa cumprir efectivamente a sua função fiscalizadora e que os governantes tenham a humildade para entender o Parlamento como a casa da Democracia. Se isto acontecer (o que não acredito), então as eleições de Outubro terão servido para alguma coisa.

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