Projeto Condor contribui para boa gestão da pesca de demersais

O Secretário Regional do Mar, Ciência e Tecnologia destacou ontem, na Horta, a importância do projeto Condor para a “boa gestão dos recursos piscícolas nos Açores, nomeadamente das espécies demersais”.

Gui Menezes defendeu a necessidade de “uma área como o Banco Condor fechada para aumentarmos o conhecimento e para servir de referência na gestão [dos recursos]”, salientando que a experiência científica neste monte submarino “contribui muito para isso”.

O Secretário Regional, que falava à margem da primeira reunião do Grupo de Trabalho do Projeto Condor, onde foram apresentados os resultados da última campanha no local, referiu que existem “dados novos interessantes em relação à marcação de algumas espécies”, nomeadamente goraz, boca negra e cherne.

Estes dados, segundo Gui Menezes, permitem “perceber melhor os movimentos e as dinâmicas” destas espécies, acrescentando que “têm uma importância incalculável para a pesca”.

“Sem compreendermos em detalhe os comportamentos e a ecologia destas espécies, dificilmente iremos fazer uma boa gestão das pescas, nomeadamente da pesca de demersais nos Açores”, frisou.

No encontro, que reuniu investigadores do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores e associações de pescas das ilhas do Faial e do Pico, foram também analisadas eventuais “correções em termos de gestão e de fiscalização” do local, bem como as metodologias que serão utilizadas no futuro.

O Secretário Regional salientou que os investigadores pretendem colocar mais equipamentos em permanência no Banco Condor, no âmbito de “um projeto maior europeu”, denominado EMSO – Observatório Europeu para o Mar Profundo e Colunas de Água.

Para Gui Menezes, a manutenção daquele monte submarino com interdições à pesca “ainda tem mais-valias”, acrescentando que este assunto será discutido no final do ano com o setor das pescas e outros utilizadores.

O Secretário Regional responsável pelas pastas das Pescas e da Ciência afirmou que “se sobrepõe claramente o interesse científico da área, que tem repercussões na pesca”, frisando a importância de “pensar a longo prazo”.

A pesca demersal foi proibida em 2010 na área do Banco Condor, com mais de um quilómetro de altura e 26 quilómetros de extensão, situado a cerca de 10 milhas da ilha do Faial.

No final de 2014, a interdição à pesca com determinadas artes foi prolongada por mais três anos neste banco submarino, onde foi instalada, em 2008, uma estação científica de observação permanente que visa obter informação mais detalhada sobre a ecologia das espécies demersais.

A campanha anual de monitorização no monte submarino Condor arranca em setembro/outubro deste ano, contando com o apoio do Governo dos Açores.


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