Bem-te-quero e malmequeres‏

O popó lusitano

Um dia destes lembrei-me de um carro com que muitas vezes me encontrava no meu bairro de Campo de Ourique e que, pelo seu exuberante mau gosto, me deixava sempre um sorriso de fascínio na boca.
Era um Peugeot 404 que habitualmente estacionava na Ferreira Borges, ou perpendiculares, e que a toda a volta do seu chassis levava reflectores amarelos. Ou seja, um popó assumidamente psicadélico! Vai daí lembrei-me dessa cultura tão portuguesa que é o “enfeitar o carro” com o que de mais absurdo e estranho possa existir, acabando por ser, o dito cujo, a extensão natural das casas e dos seus proprietários. É por isso que, para mim, encontrar um carro enfeitado, folclórico e burlesco tanto me encanta e puxa pela imaginação…
Desde os dados, as sereias, os terços, as imagens de santos, as bonecas boazudas, as bolas de futebol penduradas no retrovisor, ao pinheirinho com aromas a pinhal artificial, passando pelas almofadas do Benfica junto com os animaizinhos de peluche (alguns com a cabecinha a dar a dar) lá atrás, junto ao último vidro, terminando nos atrevidos e brejeiros autocolantes que mostram a coelhinha da playboy com um lacinho masculinizado, ou um par deles a copular, assim vai a decoração do parque automóvel português: assumidamente pirosa e autenticamente lusitana!

[twitter style=”vertical” float=”left”] [fblike style=”standard” showfaces=”false” width=”450″ verb=”like” font=”arial”] [fbshare type=”button”]