O inferno caiu em Alepo

O exército sírio retomou, esta quarta-feira, os combates em Alepo, cidade da Síria, após uma ofensiva das forças rebeldes.

Os combates regressaram numa altura em que o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergueï Lavrov, previu que a “resistência” dos últimos rebeldes em Alepo durará mais “dois ou três dias”, antes do fim dos mais de quatro anos de rebelião na segunda maior cidade síria.
“Espero que a situação seja regularizada em dois ou três dias… Os combatentes vão cessar a sua resistência daqui a dois ou três dias”, declarou Lavrov no decorrer de um fórum diplomático, citado pelas agências de notícias russas.

Na madrugada de quarta-feira, deveria ter começado a retirada de civis e rebeldes de Alepo, mas ao início da manhã, as agências noticiavam que estava atrasada várias horas.
Todas as crianças de Alepo estão a sofrer. Todas estão traumatizadas. Nunca na minha vida vi uma situação tão dramática [como] o que está a acontecer às crianças de Alepo”, disse Radoslaw Rzehak, que trabalha para a Agência das Nações Unidas para a Infância há 15 anos.

Falando à agência France-Presse em Alepo, Rzehak frisou que as dezenas de milhares de crianças que vivem na cidade são testemunhas de uma das fases mais sangrentas da guerra que devasta a Síria há quase seis anos. As forças que apoiam o regime sírio executaram pelo menos 82 civis, entre os quais mulheres e crianças, nos bairros do leste de Alepo que recuperaram aos rebeldes, anunciou a ONU.Numa conferência de imprensa em Genebra, o porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Rupert Colville, indicou que aquelas vítimas, que incluem 11 mulheres e 13 crianças, foram mortos “provavelmente nas últimas 48 horas” em quatro bairros de Alepo, a cidade mártir do norte da Síria.
Colville indicou que, segundo informações de várias fontes, “dezenas de civis foram abatidos a tiro na praça al-Ahrar no bairro de Kallasé e também no bairro de Bustane al-Qasr, por forças governamentais e seus aliados, incluindo, aparentemente, o grupo armado iraquiano al-Nujabaa”.

O porta-voz indicou que alguns civis conseguiram fugir antes da chegada das forças pró-governamentais, “mas outros terão sido detidos e mortos”. Fotos: DR