Falta de médico Veterinário deixa portosantenses apreensivos

Os residentes no Porto Santo voltaram a sentir “na pele” o isolamento da ilha. Desta vez, a situação atinge os animais de estimação. Devido a motivos de saúde, a Veterinária que exerce na Ilha do Porto Santo teve de se ausentar do serviço, mas solicitou apoio por parte de um colega de profissão, tendo em conta que existem animais de estimação que estão doentes e estavam ao seu cuidado, alguns sob medicação. No entanto, até à data, a situação mantém-se igual, sem médico Veterinário a exercer.

Os proprietários dos animais doentes estão apreensivos e mostram indignação pelo fato de não haver ninguém que vá dar consultas, pelo menos nos casos mais urgentes.

O Centro Veterinário do Porto Santo deixou, na sua página do Facebook, a mensagem a informar a ausência do médico veterinário: «O Centro Veterinário do Porto Santo informa que por motivos alheios à sua gestão, não possui atualmente médico veterinário que possa colmatar o serviço que habitualmente presta na Ilha do Porto Santo, ou seja disponibilidade 24 horas 365 dias para assistência clínica. Apesar de estarem a serem envidados todos os esforços para que esta situação seja resolvida o mais brevemente possível, informamos que a nossa médica veterinária habitual, Dra. Sara Pinto da Silva não está e não estará disponível para atendimento num futuro próximo pelo que sugerimos que durante os próximos 15 dias contactem a nossa clínica parceira Vetfunchal que disponibilizou-se prontamente a auxiliar no que estiver ao seu alcance!!!! Vetfunchal-291743883».

Ao «Tribuna» chegou-nos relatos de que foram feitos contatos para a referida clínica, solicitando ajuda, apelando para que um médico veterinário fosse até ao Porto Santo dar as consultas, nem que fosse as mais urgentes. Houve, inclusive, disponibilidade por parte de moradores na ilha de oferecer estadia, caso fosse preciso. Porém, a resposta que tiveram foi de que teriam de levar os animais para consultas, mas na clínica na Madeira.

Segundo nos foi dito, por quem tem agora em mãos os seus animais doentes, a debilidade da doença e o tamanho dos animais dificulta a viagem no avião que está ao serviço aéreo para as ligações entre a Madeira e o Porto Santo por não haver espaço para o transporte. Perante este cenário, a resposta é de que não há nada a fazer. Os residentes não têm mãos a medir perante esta situação e lamentam o sucedido. Apontam que o Porto Santo não pode ser visto, nem só atrair as atenções, apenas no Verão.

O «Tribuna» tentou obter uma reação junto da Clínica Vetfunchal sobre esta situação, mas não obtivemos resposta ao solicitado até ao fecho da edição.

O assunto chegou ao conhecimento do Movimento Mais Porto Santo que se manifestou descontente com a situação em causa.

Segundo o Mais Porto Santo, a ilha conta apenas com um veterinário a tempo inteiro, o que sempre levanta problemas graves quando, por motivos de saúde, não pode estar presente. Normalmente, em situações pontuais, é possível enviar o animal (por barco) para a Madeira, onde a Vetfunchal resolve a situação: “não é a melhor solução, mas é a possível numa ilha onde (aparentemente) a insularidade só é real para quem cá vive”.

O Movimento aponta ainda: “Apesar da boa vontade da Vetfunchal em resolver a situação, lembro que situações urgentes, como um envenenamento, não se compadece com uma viagem de 2:30H (e isto partindo do pressuposto que o animal é convenientemente envenenado num dia em que temos barco e a horas de poder ser enviado com sucesso). No mês de Janeiro, a situação torna-se mais aguda, uma vez que o avião não tem espaço para levar animais em caixa de transporte, e muitos, nem sequer se encontram em estado de suportar tal viagem”.

Continuando: “O Governo Regional conhece há muito tempo esta situação que não é nova e é recorrente sempre que a veterinária se ausenta, nem que seja por um dia (infelizmente, os animais não escolhem o dia para serem atropelados ou ficarem gravemente doentes), e o pedido para mais um veterinário a tempo inteiro já vem de longa data”. Recordam que a veterinária ao serviço foi sujeita a um transplante renal, sujeita a uma baixa prolongada, e nem nessa altura o assunto foi devidamente resolvido.

O Mais Porto Santo aponta que “não há, da parte do Governo Regional o mínimo interesse ou disponibilidade para resolver este problema que é da sua inteira responsabilidade, pois é a ele que compete precaver uma situação deste tipo e para o qual está, há anos, a ser alertado! Não se trata de ignorância ou de uma situação imprevisível, trata-se sim, de incompetência, desleixo e falta de responsabilidade cívica. Nunca foi tomada uma decisão, nunca deram nenhuma alternativa, assobiam para o lado e ignoram-nos (os animais não votam)”.

O Mais Porto Santo realçou ainda: “De notar que a Câmara Municipal abriu um concurso para um lugar de veterinária a tempo inteiro, mas a pessoa que ganhou o concurso não aceitou o lugar. E assim continuamos, com um canil sem veterinário, o que é proibido por lei. Num país civilizado, esta situação nem sequer existiria, aqui, é apenas o reflexo da incompetência e da total falta de sensibilidade de quem é responsável pela saúde e bem-estar dos animais da ilha, e lembro que não se trata apenas de animais de companhia, pois também temos gado de grande porte (vacas, cabras, ovelhas) que ficam totalmente à mercê da sua (má) sorte se houver qualquer situação que exija a presença de um veterinário, e basta um parto complicado, por exemplo. Até quando vamos continuar a esperar, de braços cruzados, que o governo faça alguma coisa?”.


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