“Os livros nunca perderam o seu lugar”

Francisco Fernandes, ex-secretário regional da Educação, lança o livro infantojuvenil “Cibele”, editado por O Liberal. Trata-se de um conto sobre uma criança surda e uma abordagem à Língua Gestual Portuguesa. Segue-se a entrevista ao autor:

Tribuna da Madeira (TM) – O que apresenta, o que conta o seu mais recente livro infantojuvenil “Cibele”?

Francisco Fernandes (FF) – Cibele é uma ficção, embora inspirada em factos reais que ao longo de vários anos fui acompanhando, que trata do percurso de uma criança surda desde que nasce até à idade adulta, começando na descoberta da surdez pelos pais, até à integração profissional, passando pelo percurso escolar.

Pretende sobretudo alertar para situações semelhantes, para os caminhos da integração plena e para o uso da Língua Gestual Portuguesa.

TM – Este é um livro diferente dos outros, no sentido em que, certamente, foi elaborado e será lançado em tempos de pandemia. Como foi este desafio?

FF – Em matéria de escrita foi o processo habitual: recolha de ideias, opiniões, escrita, etc. Depois, a ilustração, sem a qual um livro infantojuvenil não acontece. Tive novamente a felicidade de contar com a Sílvia Marta com quem já tinha trabalhado antes e que tão bem interpretou com imagens o que o conto pretende dizer.

Sendo um projeto que está em carteira desde o ano passado, quando estávamos a dar os primeiros passos para a edição, fomos surpreendidos pela pandemia o que nos deixou em espera, em particular em matéria de patrocínios. Num dado momento, O Liberal, deu uma prova de confiança no projeto e decidiu avançar. A Teresa Camacho tomou o design gráfico a seu cargo e deu ao livro a sua forma final. Entretanto tudo se compôs, os patrocínios concretizaram-se por parte da DRC e de três Câmaras Municipais.

Quanto ao lançamento será um momento diferente do habitual. É nossa intenção fazer o lançamento vários momentos futuros, designadamente na Feira do Livro do Funchal e nas autarquias patrocinadoras, a fim de evitar grande concentração de pessoas. Realmente não estamos habituados a controlar o número de presenças para respeitar as normas a que o auditório do MCL está sujeito, mas tem de ser…

TM – Como analisa os hábitos de leitura hoje em dia? As tecnologias continuam a dominar e a ser uma escolha frequente, ou os livros já vão retomando o seu lugar?

FF – Acho que os livros nunca perderam o seu lugar. Mesmo neste contexto a edição continua, abrem novas editoras, o que é um bom sinal. Familiarmente tenho crianças e adolescentes perto de mim, e noto que o livro tem sempre o seu lugar.

As tecnologias têm o seu espaço, mas não acho que seja uma competição. As Feiras Escolares, as Feiras do Livro, a ida de escritores às escolas, a dinâmica das Bibliotecas Escolares, os professores, conseguiram manter e melhorar os hábitos de leitura. Há um caminho longo a percorrer, mas havemos de o percorrer.

TM – Quais são as suas expectativas para o dia do lançamento de “Cibele”, a 21 de outubro, pelas 18 horas, no Museu Casa da Luz?

FF – Como referi, a lotação da sala é limitada. Espero ter uma sala cheia e conseguir chegar, de alguma forma, aos que não puderem estar presentes devido a essa limitação.


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