Alterações climáticas podem lançar 122 milhões na pobreza
A Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO) refere que é urgente auxiliar o sector agrícola a adaptar-se às alterações climáticas, que poderão lançar na pobreza mais de 122 milhões de pessoas. No prefácio do relatório intitulado «O Estado da Alimentação e da Agricultura», divulgado esta segunda-feira, o director-geral da FAO, José Graziano da Silva, escreve que “a menos que sejam tomadas medidas agora para tornar a agricultura mais sustentável, produtiva e resiliente, os impactos das alterações climáticas irão comprometer gravemente a produção alimentar em países e regiões que já enfrentam uma alta insegurança alimentar”.
O relatório daquela organização refere que, se não houvesse alterações climáticas, a maioria das regiões deveria ver reduzir o número de pessoas em risco de pobreza até 2050. No entanto e com as mudanças que se registam no clima, estima-se que a população a viver em pobreza registe um aumento de entre 35 e 122 milhões até 2030, se nada for feito para inverter este ciclo.
Os mais afectados por esta situação são as populações que habitam nas zonas mais pobres da África subsariana, e do Sul e Sudeste Asiático, nomeadamente aqueles que dependem da agricultura para viver. O documento da FAO relembra ainda que para manter o aumento da temperatura global abaixo do teto de 2°C, as emissões de gases com efeitos de estufa terão de diminuir 70% até 2050.
De acordo com os autores do estudo, os sectores agrícolas enfrentam um duplo desafio: reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa ao mesmo tempo que produzem mais alimentos para saciar uma população crescente e cada vez mais rica.
O relatório reconhece que reformulação da agricultura e dos sistemas alimentares será um processo “complexo”, devido ao vasto número de partes envolvidas, à multiplicidade dos sistemas agrícolas e de produção alimentar e às diferenças nos ecossistemas. Independentemente dos obstáculos, a FAO faz notar que os esforços têm de começar no imediato, porque os impactos das alterações climáticas só piorarão com o tempo.
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