Um em cada três portugueses foi pobre entre 2009 e 2014

Um terço dos portugueses encontrou-se em situação de pobreza pelo menos durante um ano, entre 2009 e 2014, nos anos de crise económica. É o que revela um estudo sobre as desigualdades em Portugal, divulgado nesta segunda-feira.

“Não é possível distinguir quais os efeitos da crise e quais os que se devem às políticas seguidas, mas é possível identificar as consequências destas, que muitas vezes não só não atenuaram os efeitos da crise, como nalguns casos as reforçaram”, frisou o economista Carlos Farinha Rodrigues, coordenador do estudo patrocinado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Dos 32,6% de portugueses que entraram numa situação de pobreza, 12,6% mantiveram-se assim durante um ano, enquanto “8,2% aí permaneceram durante todo o período considerado”.

“Um factor preocupante, agora identificado, é que entre os indivíduos que eram pobres em 2012, 24,5% encontravam-se pela primeira vez nessa situação, o que confirma de algum modo a teoria de que a presente crise empurrou para situações de pobreza indivíduos e famílias que antes pareciam estar imunes a esta situação”, frisa-se no estudo «Desigualdade do Rendimento e Pobreza em Portugal?.

Feitas as contas, o número de portugueses pobres aumentou entre 2009 e 2014 para 2,02 milhões de pessoas ou seja, mais 116 mil pessoas do que em 2009. Em 2014, 8% de todos os trabalhadores por conta de outrem viviam abaixo do limiar da pobreza. Este estudo vem também confirmar que a crise não afectou a todos por igual. Os mais penalizados foram os jovens, os licenciados e o grupo dos mais pobres entre os pobres.

 

Toda esta informação e bastante mais pode ser consultada a partir desta segunda-feira no site «Portugal Desigual», que reúne uma série de estatísticas e gráficos interactivos que, por exemplo, permitem saber quanto cada um perdeu com a crise e quais as alterações ocorridas nas condições de vida dos portugueses. O estudo foi desenvolvido em parceria com o semanário Expresso.


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