Dois dias a contar Mantas

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) promove a 1 e 2 de abril o XII Censo de Mantas na Madeira, numa iniciativa que pretende contribuir para avaliar o estado da população da maior ave de rapina que nidifica no arquipélago da Madeira.

A iniciativa realiza-se todos os anos e pretende mobilizar dezenas de voluntários, a quem se pede a recolha de dados sobre os avistamentos de mantas, também conhecidos na Madeira como milhafres.

Estas, com uma envergadura entre 110 e 130 centímetros, podem ser observadas sozinhas ou em grupo, geralmente a voar, embora também possam ser vistas pousadas no solo ou em cima de muros, postes e nos seus poisos de caça.

A espécie distribui-se em zonas florestais e em zonas rurais e agrícolas, podendo ainda ser vistas, menos frequentemente, em zonas urbanas. Alimentam-se maioritariamente de roedores, podendo consumir também pequenas aves, insetos e minhocas. O envenenamento e a eletrocussão em linhas elétricas são as principais ameaças que afetam as mantas, para além da captura e abate ilegal.

Este censo, promovido pela SPEA, vai decorrer nos dias 1 e 2 de abril na Madeira, e no fim-de-semana anterior no arquipélago dos Açores, onde estas aves são conhecidas como milhafres ou queimados. Em termos taxonómicos no arquipélago da Madeira ocorre a subespécie Buteo buteo harterti e nos Açores a subespécie Buteo buteo rothschildi, ambas distintas da Buteo buteo buteo que ocorre em território continental.

Para participar neste censo basta conseguir identificar esta ave de rapina, tão caraterística dos céus da Madeira, tanto pelo seu tamanho como pelo seu curioso som associado à águia. O censo apela, por isso, à cidadania ambiental (ou Citizen Science), propondo a participação dos cidadãos num projeto científico que visa a obtenção de mais dados sobre as populações de mantas existentes na Madeira.

Desde 2006 que a SPEA cativou curiosos e experientes para a realização do censo. Até agora, foram registadas 921 mantas por 207 participantes distribuídos pela Madeira e Porto Santo, que percorreram 6.696 km de percursos em habitats variados.

 


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